Lua nossa

Lunar eclipse🌕

Lá estávamos, às 23h23min, sentados nas cadeiras de tomar sol, mas tomando um banho de lua. Admirados com uma coisinha besta se comparada à imensidão das galáxias.

– É incrível. Dá vontade de pegar. Parece que eu posso estender a minha mão e tocá-la. – Ele mediu a Lua com a ponta dos dedos. – A próxima vez a acontecer será em 2033.

Eu também medi a lua com a ponta dos dedos. Depois tentei pegá-la. E depois, desejei que ela estivesse caindo aos poucos. Se aproximando da Terra como um meteoro destrutivo. Atraente e avassaladora, ela reinava no céu. Me senti inspirada, instigada.

– Eu te amo.

– Porque está dizendo isso agora? – Ele disse, surpreso. Demonstrações de afeto nunca foram de meu feitio.

– Porque eu não sei se vou ter você do meu lado em 2033. Porque talvez nós nunca mais vejamos um eclipse juntos.

O céu estava mais claro do que o normal. Eu achava que um eclipse deixaria tudo escuro, mas estava mais claro. As estrelas estavam mais visíveis, pontilhadas, granuladas.Eu tinha a impressão de que o universo havia se expandido aos meus olhos e eu conseguia perceber a nossa localização em meio a tantos infinitos. Nós não estávamos mais no quintal de casa. Estávamos entre o sol e a lua, e por isso eu me sentia privilegiada. Tinha ao meu lado alguém que, mesmo se a Lua caísse em nossas cabeças, ainda sim me protegeria.

– Eu também te amo.

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